domingo, 14 de outubro de 2012

01 ano de saudades e boas lembranças...
    Falar de Baraúna, o nome pelo qual era conhecido o engenheiro, professor e poeta Gilberto Simões Baraúna, para mim é mais que uma obrigação é uma honra. 
    Nascido em Salvador no Estado da Bahia, formou-se em Agrimensura; foi funcionário publico lotado na secretaria de administração do estado da Bahia, casado com Dona Carmem, com a qual teve dois filhos, Consuelo e Gilberto Junior; ficaram juntos até o fim de seus dias. 
    Professor de matemática, artista de teatro, locutor de radio e escritor. Estudou yorùbá, concluiu o curso promovido pelo CEAO (centro de estudos afro-orientais) no período de 05/06/1986 à 28/11/1988. 
    Fez aperfeiçoamento da grafia com vários nigerianos, Oseeni Taiwo foi um deles, dando inicio a partir desta data do seu legado como escritor, pesquisador e professor do idioma yorùbá. Publicou três livros, Poemas Fesceninos, Gramática yorùbá para quem fala português e o famoso Doutor Barbosa. 
    Baraúna foi um personagem impar como pesquisador e professor do idioma yorùbá, dedicado ao extremo no ensino, perfeccionista em suas traduções do yorùbá para o português, e também um severo critico quando o assunto era o ensino do idioma yorùbá. Polêmico e corajoso, aceitando criticas, as mais ácidas desde que construtivas, recuando quando reconhecia o erro, mas lutando sempre como um feroz guerreiro para defender suas certezas. 
    Foi um dos fundadores da (Sociedade de Preservação do Idioma Yorùbá no Brasil) ministrou palestras, promoveu encontros, esforçou-se ao máximo na divulgação da importância do aprendizado do yorùbá; é lamentável que o seu trabalho de colaboração para o ensino e divulgação do idioma yorùbá, não tenha sido reconhecido e valorizado pelas pessoas que praticam o candomblé e o culto aos Orísa no Brasil. Uma biblioteca viva, sempre esteve preocupado com a nova leva de sacerdotes e sacerdotisas que indiscriminadamente na busca desenfreada por ‘Status’, ao invés da busca pelo conhecimento e estudo, não se interessam, chegando ao ponto de nem se preocuparem em conhecer um pouco da cultura yorùbá, e muito menos o aprendizado do idioma, que é de fundamental importância para a realização do culto aos Orísa. 
    Cultuar Orísa não é intuição; cultuar Orísa é fundamento e isto se aprende. Quanto aos adeptos que não buscam o aprendizado e nem se interessam pelo idioma, sinceramente lamento; pois vai-se perdendo a cada geração de iniciados e iniciadas, as tradições e o idioma que é de suma importância para a realização de todo o ritual. 
    Este mês é para mim de grande alegria, pois escrevo a respeito de um tempo bom, de um homem bom, alegre, extrovertido e determinado nos seus objetivos. Eu só tenho a agradecer a Òrúnmilà e aos Orísa, a honra de ter convivido, aprendido e participado do dia a dia do meu grande amigo, conselheiro, professor e irmão Gilberto Baraúna, e sem me esquecer também da sua família; pelo respeito e paciência que sempre tiveram comigo. 
    Inesquecível Baraúna! Não tive tempo de me despedir, mas espero que Deus na sua infinita misericórdia te conceda o descanso merecido. Para sempre inesquecível!    
    Mo dúpé olùkó mi àti òré.          

Um comentário:

  1. Realmente,ele era uma pessoa ímpar, carismático. Tive a oportunidade de estudar alguns meses com ele e seus ensinamentos são sólidos até hoje.

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