quarta-feira, 30 de abril de 2014

Continue acreditando

O caminho atual das casas de candomblé do Brasil

   Quando resolvi escrever este texto, procurei as palavras adequadas, para que ninguém pudesse se sentir ofendido, ou quem sabe até ridicularizado diante dos acontecimentos atuais dentro das comunidades de Candomblé do Brasil. As pessoas que me conhecem sabem do meu interesse na Cultura Afro-Brasileira, no idioma yorùbá e no Culto aos “Orixá”, portanto não quero criar nenhuma polêmica com o texto, é só uma tentativa de resgate mesmo. Observo... Ouço... Vejo atentamente todos os relatos dos meus amigos, e outros que ainda compartilham publicamente assuntos relacionados ao Candomblé e ao Culto Afro, entendo que as pessoas gostam de novidades, de motivos para seguirem e continuar acreditando, mas se esquecem que isso nada mais é do que o vazio que nunca será preenchido, pois acredito que sempre vai ter algo de novo, alguma coisa para criar, inventar, chamar a atenção das pessoas que nunca estão satisfeitas com o que tem, para que enfim o ciclo das invencionices continue, trazendo cada vez mais adeptos e clientes que buscam a solução imediata para os problemas que elas mesmas criam no seu dia a dia. A muito pouco tempo todos freqüentavam casas de Candomblé, faziam seu jogo de búzios, tomavam seus banhos de ervas, cumpriam com suas obrigações acreditando que tudo seria solucionado, participavam das festas anuais e estava tudo certo. (meu filho! Cozinhe a canjica branca e separe a água para o banho). Lembro-me da nação de Angola com suas festas de Boiadeiro, quitutes deliciosos servidos aos convidados, e das casas de Ketu com todo o seu ritual e preceito em para oferecer um amalá para “Xango”. O que está acontecendo com o Candomblé? O que houve com a comunidade? Porque as pessoas e os adeptos não têm mais tempo para colaborar no dia a dia do terreiro? Pois este afastamento gera inevitavelmente o acumulo de funções para o sacerdote. Um ponto importante nos dias atuais é que a moda é ser “Babalawo”, são pessoas, que na sua grande maioria para mim, tem muito que aprender a respeito de Ifá, antes da iniciação, entender que somos brasileiros e não africanos, respeitar isso é o primeiro ponto importante, mas acredito que o orgulho e o “Status” falam mais alto nessa hora. Ifá é matemática, medicina, filosofia de vida. Como podem ignorar a sua iniciação no Candomblé? Porque o culto aos “Orixá” de 20 anos atrás parece não servir mais? Desde quando Babalorixa pode ser Babalawo?. As pessoas que buscam o estudo e aprendizado assim como eu, e que tiveram a oportunidade de conhecer  Africanos, e estudiosos, dedicados ao compromisso de aprender, sabem que isso não pode ser verdade, nunca vi um Babalorixa estar apto para atender e resolver os problemas dos adeptos, clientes, ou seja lá quem for em 20 ou 30 dias, assim também um Babalawo nunca vai estar pleno em seus conhecimentos em  20 ou 30 dias, que é o tempo maximo de permanência desse povo na África, o tempo de aprendizado é longo e árduo, para o Sacerdote é durante toda a sua vida. Sinto saudades do tempo em que até mesmo as pessoas com mais de 30 anos de iniciação tiravam os sapatos, quando se dirigiam para o barracão, ajudavam nos preparativos das festas e não se sentiam mal por isso, e até mesmo serviam os convidados, com carinho e amizade, do tempo em que tomar a benção não era vergonha como é hoje em dia, claro que existem pessoas muito rigorosas e outras muito doidas, com regras absurdas e que os adeptos são até certo ponto maltratados e buscam outros caminhos, acredito que é valido, se for para melhorar e trazer equilíbrio para a pessoa. Enfim, observo... Ouço... Vejo atentamente tudo que acreditamos e nos dedicamos se afastando de nós, por isso devemos continuar acreditando. E mais uma confusão sendo formada na cabeça das pessoas, que muito em breve vão descobrir que a duvida vai continuar, e o vazio nunca será preenchido, pois o Culto é simples e repetitivo, nada mais.  

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