O
caminho atual das casas de candomblé do Brasil
Quando resolvi escrever este texto, procurei
as palavras adequadas, para que ninguém pudesse se sentir ofendido, ou quem
sabe até ridicularizado diante dos acontecimentos atuais dentro das comunidades
de Candomblé do Brasil. As pessoas que me conhecem sabem do meu interesse na
Cultura Afro-Brasileira, no idioma yorùbá e no Culto aos “Orixá”, portanto não
quero criar nenhuma polêmica com o texto, é só uma tentativa de resgate mesmo. Observo...
Ouço... Vejo atentamente todos os relatos dos meus amigos, e outros que ainda
compartilham publicamente assuntos relacionados ao Candomblé e ao Culto Afro,
entendo que as pessoas gostam de novidades, de motivos para seguirem e
continuar acreditando, mas se esquecem que isso nada mais é do que o vazio que
nunca será preenchido, pois acredito que sempre vai ter algo de novo, alguma
coisa para criar, inventar, chamar a atenção das pessoas que nunca estão
satisfeitas com o que tem, para que enfim o ciclo das invencionices continue,
trazendo cada vez mais adeptos e clientes que buscam a solução imediata para os
problemas que elas mesmas criam no seu dia a dia. A muito pouco tempo todos
freqüentavam casas de Candomblé, faziam seu jogo de búzios, tomavam seus banhos
de ervas, cumpriam com suas obrigações acreditando que tudo seria solucionado,
participavam das festas anuais e estava tudo certo. (meu filho! Cozinhe a
canjica branca e separe a água para o banho). Lembro-me da nação de Angola com
suas festas de Boiadeiro, quitutes deliciosos servidos aos convidados, e das
casas de Ketu com todo o seu ritual e preceito em para oferecer um amalá para
“Xango”. O que está acontecendo com o Candomblé? O que houve com a comunidade?
Porque as pessoas e os adeptos não têm mais tempo para colaborar no dia a dia
do terreiro? Pois este afastamento gera inevitavelmente o acumulo de funções
para o sacerdote. Um ponto importante nos dias atuais é que a moda é ser
“Babalawo”, são pessoas, que na sua grande maioria para mim, tem muito que
aprender a respeito de Ifá, antes da iniciação, entender que somos brasileiros
e não africanos, respeitar isso é o primeiro ponto importante, mas acredito que
o orgulho e o “Status” falam mais alto nessa hora. Ifá é matemática, medicina, filosofia
de vida. Como podem ignorar a sua iniciação no Candomblé? Porque o culto aos “Orixá”
de 20 anos atrás parece não servir mais? Desde quando Babalorixa pode ser
Babalawo?. As pessoas que buscam o estudo e aprendizado assim como eu, e que tiveram
a oportunidade de conhecer Africanos, e
estudiosos, dedicados ao compromisso de aprender, sabem que isso não pode ser
verdade, nunca vi um Babalorixa estar apto para atender e resolver os problemas
dos adeptos, clientes, ou seja lá quem for em 20 ou 30 dias, assim também um
Babalawo nunca vai estar pleno em seus conhecimentos em 20 ou 30 dias, que é o tempo maximo de
permanência desse povo na África, o tempo de aprendizado é longo e árduo, para
o Sacerdote é durante toda a sua vida. Sinto saudades do tempo em que até mesmo
as pessoas com mais de 30 anos de iniciação tiravam os sapatos, quando se
dirigiam para o barracão, ajudavam nos preparativos das festas e não se sentiam
mal por isso, e até mesmo serviam os convidados, com carinho e amizade, do
tempo em que tomar a benção não era vergonha como é hoje em dia, claro que
existem pessoas muito rigorosas e outras muito doidas, com regras absurdas e
que os adeptos são até certo ponto maltratados e buscam outros caminhos,
acredito que é valido, se for para melhorar e trazer equilíbrio para a pessoa.
Enfim, observo... Ouço... Vejo atentamente tudo que acreditamos e nos dedicamos
se afastando de nós, por isso devemos continuar
acreditando. E mais uma confusão sendo formada na cabeça das pessoas, que
muito em breve vão descobrir que a duvida vai continuar, e o vazio nunca será preenchido,
pois o Culto é simples e repetitivo, nada mais.